Dando continuidade à nossa série de postagens sobre as Obras Escolápias no Brasil, é hora de conhecer a trajetória do Colégio Escolápio Ibituruna, em Governador Valadares (MG). Uma história marcada por fé, compromisso com a educação e dedicação à comunidade.

História do Colégio Escolápio Ibituruna

Fundado em 1938 pelos irmãos Salles — leigos pioneiros — o Colégio Ibituruna surgiu no mesmo ano da fundação da cidade de Governador Valadares. Ao longo dos anos, a gestão da instituição passou pelas mãos dos Frades Franciscanos e, posteriormente, da Diocese de Diamantina.

No ano de 1952, durante um encontro casual em Belo Horizonte entre o Pe. Alberto e Dom Serafim Gomes Jardim, então arcebispo de Diamantina, surgiu a proposta de que os escolápios assumissem a direção de um colégio diocesano — em Pirapora, Governador Valadares ou Diamantina. Coube ao Pe. Francisco Orcoyen, Sch.P., a escolha, e ele optou pelo Ibituruna, situado na Rua Israel Pinheiro, nº 2144, em Governador Valadares. Em setembro daquele ano, assumiu a direção da escola, mesmo sem ainda haver uma comunidade religiosa estabelecida.

No início de 1953, formou-se oficialmente a primeira comunidade escolápia do Ibituruna, composta pelos religiosos Pe. Francisco Orcoyen, Sch.P., Pe. Teodoro Araiz, Sch.P.,  Pe. Jesus Maria Perea, Sch.P. e o Irmão João Odria. Em julho do mesmo ano, o Pe. Eulálio Lafuente Elorz, Sch.P., se integrou à missão, assumindo a direção do colégio e tornando-se o primeiro reitor da nova comunidade religiosa.

Inspirada pelo modelo de Belo Horizonte, a vida e missão da comunidade do Ibituruna se concentravam na vida comunitária, na condução do colégio e no serviço pastoral à diocese. Na metade de 1953, o Pe. Francisco retornou a Belo Horizonte, após assegurar o contrato com a Mitra Diocesana, que oficializou a gestão dos escolápios à frente do colégio. No entanto, a propriedade do terreno ainda não estava regularizada, uma questão resolvida mais adiante.

O prédio original, modesto e com infraestrutura limitada, foi aos poucos substituído por novas construções adequadas ao crescimento contínuo da escola. O segundo edifício, construído pelos próprios escolápios, passou a abrigar a comunidade religiosa e também um internato.

Expansão e identidade escolápia

Desde os primeiros anos sob a gestão dos escolápios, o Colégio Ibituruna destacou-se como referência de educação de qualidade na região. Houve inclusive uma tentativa de implantar, em seu espaço, uma escola municipal gratuita no turno da tarde, batizada de Escola São José de Calasanz. Contudo, a experiência durou pouco, pois não obteve a autorização da Secretaria Estadual de Educação, encerrando-se em 1959.

A marca pastoral e social esteve sempre presente na trajetória do colégio. Um exemplo disso foi a criação, em 1974, dos Jogos Estudantis do Colégio Ibituruna (JECI), idealizados pelo Pe. José Maria de Miguel, Sch.P.. O evento unia esportes, atividades culturais e homenagens a São José de Calasanz, consolidando-se como uma tradição da instituição.

Em 1993, os leigos passaram a ocupar cargos de liderança tanto no Ibituruna quanto no Colégio São Miguel. No Ibituruna, a professora Eunice Vasconcelos (Dona Nina) foi nomeada diretora pedagógica. Já no São Miguel, o nomeado foi o professor Antônio Carlos Miranda (Tonhão). A direção titular e administrativa do Ibituruna permaneceu sob responsabilidade do Pe. Teodoro Araiz, Sch.P.

Na parte inferior do segundo prédio do colégio, havia uma capela acolhedora com capacidade para 200 pessoas, que funcionou até 2009, quando precisou ser demolida por questões estruturais e de segurança. Em 2014 e 2015, o colégio passou por novas ampliações, incluindo a construção do espaço para o pré-vestibular e de salas para a Educação Infantil.

O Colégio Ibituruna hoje

Atualmente, o Colégio Escolápio Ibituruna atende mais de 1.400 alunos, distribuídos entre a Educação Infantil, Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Anos Finais) e o Ensino Médio. A direção pedagógica está sob a liderança de Fernanda Rodrigues, enquanto a direção geral do Sistema Escolápio de Educação é exercida por Philipe Alves. O Pe. Maurício Martins, Sch.P. atua como ecônomo da instituição.

A equipe conta com mais de 150 colaboradores que, com dedicação e profissionalismo, constroem diariamente uma educação comprometida com a formação acadêmica, humana, cristã e social dos estudantes.

Como fruto desse trabalho conjunto e da excelência pedagógica, o Colégio Ibituruna obteve, na edição de 2024 do ENEM, a maior nota geral entre os colégios de Governador Valadares, um reconhecimento que reafirma a força e a relevância da missão escolápia na cidade e na região.

 

Fonte: Livreto Pe. Fernando Aguinaga, Sch.P, 75 anos da Presença Escolápia no Brasil